NAT Plus: equipe do laboratório em ação - Foto: Adair Gomez

Em junho deste ano, a Fundação Hemominas realizou a migração da plataforma NAT (Teste de Ácido Nucleico) para a NAT Plus. Essa mudança, além de melhorias gerais na sensibilidade e segurança geral dos testes, possibilitou a redução do prazo de inaptidão para doação de sangue de pessoas que estiveram em áreas de risco para malária, de 12 meses para 30 dias.

A plataforma/kit NAT Plus foi desenvolvida e produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Sua implantação foi iniciada no final de 2022 e, desde então, gradativamente disponibilizada a 14 hemocentros públicos e sítios testadores do país, escolhidos estrategicamente pela Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Sistema Único de Saúde – SUS, em parceria com a Bio-Manguinhos, chegando à Hemominas em 2024.

Milena Oliveira, responsável pelo Laboratório de Testes de Ácidos Nucleicos (NAT) e bioquímica do Laboratório de Histocompatibilidade da Hemominas, enfatiza os ganhos que a nova plataforma trouxe para Fundação em termos de tecnologia e prazos, já que, antes, quem viajava para regiões endêmicas para a Malária, como os estados da Amazônia ou países da África, deveria esperar, no mínimo, um ano para doar sangue. Destaca, ainda, outras melhorias nos demais alvos do teste.

“Além da inclusão do alvo malária, com detecção a partir de 30 dias, há outras melhorias relacionadas à sensibilidade dos testes. A troca dos equipamentos por novos e mais tecnológicos, aliada a uma nova metodologia de extração possibilitou, por exemplo, que a janela imunológica, que é o período que antecede a formação de anticorpos, para os vírus HIV e das hepatites B e C, para entre 10 e 12 dias. Isso traz um ganho muito grande, não só para a fundação Hemominas, mas para todos os hemocentros e o sistema de saúde do país”, explica.

 NAT Hemominas

Plataforma/kit NAT Plus: desenvolvida e produzida pelo Bio-Manguinhos/Fiocruz - Foto: Adair Gomez
Plataforma/kit NAT Plus: desenvolvida e produzida pelo Bio-Manguinhos/Fiocruz - Foto: Adair Gomez

O Laboratório de Testes de ácidos nucleicos (NAT) foi implantado na Hemominas em 2011, inicialmente para testagem do vírus HIV e HCV (Hepatite C); em 2014, houve a inclusão do vírus da hepatite B e, em 2024, a malária. Os testes são realizados em amostras de todas as bolsas de sangue coletadas na Hemominas, além de amostras de outros bancos de sangue particulares conveniados ao SUS e à Fundação.

A metodologia do NAT, agora NAT Plus, difere de outros laboratórios, pois consiste em dois equipamentos que atuam em etapas consecutivas do teste: preparo das amostras em conjunto de 6, extração e amplificação/detecção do ácido nucleico pela tecnologia da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real. Ao final desta etapa, se a amostra for reagente, elas serão novamente testadas, individualmente, para identificar quais das 6 e para quais doenças estão positivas.  

O NAT possui outras particularidades, segundo Milena. Por ser um teste molecular, ele reduz o período de janela imunológica, sendo uma testagem complementar ao teste sorológico, já que são testes desenhados e realizados para fases diferentes das doenças. “O NAT identifica a fase inicial da doença, aquela que precede a formação dos anticorpos; por isso, ele é um teste mais sensível do que o teste sorológico”, afirma.

A rotina laboratorial do NAT começa às 7 horas e, por volta das 16, os resultados dos exames, do sangue doado no dia anterior ao da análise, começam a ser liberados. Todos os testes são automatizados e, em média, 1.500 amostras são analisadas por dia, o que soma cerca de 28 a 30 mil amostras por mês, assegurando que pacientes recebam sangue doado livre de contaminação no SUS em Minas Gerais. O Laboratório NAT funciona de segunda a sábado, no Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), na Alameda Ezequiel Dias, 321, Bairro: Santa Efigênia.

Malária

Fêmea do mosquito Anopheles (mosquito-prego) - Foto: https://www.gov.br/saude/
Fêmea do mosquito Anopheles (mosquito-prego) - Foto: https://www.gov.br/saude/

A malária é uma doença infecciosa, febril, aguda e que pode levar a óbito. É causada, na maioria das vezes, pela picada do mosquito do gênero Anopheles, também chamado de mosquito-prego, encontrado em todo o território brasileiro. Uma pessoa infectada pode transmitir a doença por compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez. No Brasil, a grande maioria dos casos está concentrada na região da Amazônia, considerada área endêmica no país.

De acordo com dados do Ministério da Saúde e do Bio-Manguinhos, o Brasil registrou 129,1 mil casos de malária em 2022. Entre os casos, cerca de 127 mil foram contraídos localmente. Foram notificadas 37 mortes em 2019, 51 em 2020, 58 em 2021 e 50 óbitos em 2022. Em 2023, os registros apontaram mais de 140 mil casos e 70 mortes.

Minas Gerais, assim como outros 16 estados e o Distrito federal fora da região amazônica, são áreas consideradas não endêmicas para a malária, sendo que a maioria dos casos registrados nesses locais são importados por meio de contaminação de pessoas que estiveram em áreas endêmica, no Brasil ou exterior.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o estado registrou, de 2017 a 2023, 2.517 notificações de casos de malária entre 2017 e 2023. Dos casos notificados, 235 foram confirmados para a doença.

Para a Fiocruz e o Ministério da Saúde, o Kit NAT Plus, ofertado pelo SUS, é o mais completo e seguro disponível no país, uma tecnologia de ponta que aumenta a segurança transfusional e que, no futuro, pode incorporar novos alvos. A nova plataforma também possibilitará melhor monitoramento e mapeamento da malária no país, contribuindo com a estratégia de erradicação da doença até 2035.

O tratamento para malária é gratuito e está disponível em todo o Brasil, em unidades de atendimento do SUS.

Gestor responsável: Diretoria Técnico-Científica – TEC

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar