Doador do Futuro: exercício de cidadania e solidariedade

A hemoterapia mais segura se faz por meio de um intenso investimento em ações educativas dirigidas à população e, especialmente, no trabalho de preparação de crianças e jovens para atuarem como multiplicadores e futuros doadores.

Preparar crianças e jovens para o exercício da cidadania é objeto de algumas políticas públicas, entre as quais a Fundação Hemominas se insere e que estão em permanente sintonia com um dos pilares inerentes a sua missão - a solidariedade. Nesse sentido, uma das ações que merece especial destaque é o Programa Doador do Futuro, cuja proposta é estimular nesses cidadãos a consciência e responsabilidade quanto a uma futura atitude e sensibilização para o ato de doar sangue.

O Programa desenvolve um trabalho educativo, desmitificando tabus e crendices sobre o processo e importância da doação voluntária de sangue. O resultado esperado é a mudança comportamental, trazendo reflexos positivos para toda a sociedade.

Plantando vida

O lançamento do projeto-piloto Doador do Futuro pela Hemominas ocorreu em 1987, durante o XIV Congresso do Colégio Brasileiro de Hematologia, realizado no Minascentro, em Belo Horizonte. A dinâmica, desenvolvida pela Fundação, teve como alvo crianças matriculadas no ensino fundamental de uma escola particular da capital mineira, com o propósito de envolvê-los no tema “doação voluntária de sangue”.  Além de palestras, com uma linguagem adaptada para grupos de alunos, as crianças receberam cartolinas e pincéis para a criação de mensagens que sensibilizassem a população sobre a importância da doação de sangue.

Os três primeiros lugares receberam livros infantis como prêmios. A ilustração e mensagem classificada em primeiro lugar, uma árvore com gotinhas de sangue que tornavam viçosas as flores plantadas, trouxe o slogan “Plante a Vida, Doe Sangue”. A produção artística foi utilizada na primeira camiseta produzida pela Fundação para homenagear os doadores nas comemorações do Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, festejada anualmente em 25 de novembro.

E, por ter sido o primeiro hemocentro do país a investir na formação do “Doador do Futuro”, a Hemominas recebeu, em 2000, em Brasília, uma premiação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), no Dia Mundial da Saúde, comemorado em 7 de abril.

Considerando que a escola é o local da construção do saber e, portanto, parceira indispensável para o sucesso do Programa, várias instituições foram convidadas a participar de ações educativas, voltadas à valorização da doação voluntária de sangue.

A presença de alunos na Hemominas, em busca de informações para realização de trabalhos escolares, e a visita guiada para conhecimento do processo de doação de sangue (Hemotur) somam-se ao trabalho nas escolas, que inclui palestras, veiculação de vídeos Institucionais, desenvolvimento de trabalhos individuais ou em grupo, participações em feiras de ciências etc.

Para oficializar as ações desenvolvidas, firmaram-se parcerias importantes com a Secretaria Municipal de Educação e Secretaria de Estado de Educação (SEE), com o Centro de Apoio aos Profissionais de Ensino (Cape) e Câmara de Vereadores da capital.

Legislação

Em 1992, foi criada a Lei Municipal Nº 6947/92 dispondo sobre a inclusão obrigatória do tema da Doação de Sangue no conteúdo programático do ensino fundamental e médio das escolas municipais de Belo Horizonte. Em 1995, a referida lei deu lugar a de Nº 6947/95, que instituiu a política municipal de incentivo à doação de sangue, órgãos e tecidos.

No ano de 1994, implementou-se o Projeto de Capacitação de Professores do Ensino Fundamental e Médio, destinado aos professores da área de ciências e biologia das escolas municipais, com o propósito de prepará-los para o desenvolvimento de atividades junto aos alunos que, a curto prazo, serão multiplicadores de informações sobre a importância e necessidade da doação voluntária de sangue e, a médio prazo, doadores voluntários. Atualmente, a iniciativa é estendida a professores de todas as disciplinas das escolas estaduais e particulares.

Criatividade

Os conhecimentos adquiridos pelos alunos passam a contribuir para a compreensão e transmissão da mensagem sobre a doação voluntária de sangue, multiplicando sua apreensão pela população. A produção de trabalhos que visam incentivar o ato da doação, de forma consciente e responsável, é crescente: cartazes, slogans, “panfletagens” em locais de grande circulação de público, participação de alunos em desfiles comemorativos do Dia da Independência, peças teatrais, entre outras atividades.

Merece referência a produção teatral de autoria de alunos e professores de uma escola do Sesi (Serviço Social da Indústria) de Belo Horizonte. A peça “Doação de Sangue: um Ato de Amor” foi representada, durante dois anos, em diversas outras escolas e em eventos abertos ao público. A peça gerou um vídeo, distribuído a todas as unidades da Fundação com o propósito de ampliar a veiculação da mensagem, transmitida de forma responsável e bem-humorada.

Formar o “Doador do Futuro” passou a ser uma atividade de todas as Unidades Regionais da Fundação Hemominas. O Programa configura uma prática habitual na rede Hemominas.

De 2004 até hoje, já são mais de 9 mil palestras, alcançando cerca de 390 mil crianças e jovens em todas as regiões do estado.

Referência:

Livro Fundação Hemominas 1985-2007 – Capítulo 12 - A Doação de Sangue e o Doador do Futuro – Heloísa M.D.O. Gontijo – Gerência de Captação.
Bibliografia: Castro Santos, Luiz Antônio de. “Doação, Transfusão e Laços de Sangue: cultura e sociedade no Brasil Contemporâneo“ (Nota de Pesquisa) História, Ciência, Saúde. Manguinhos V.2 n. 1 p. 167-7 mar/jun. 1995).
Telelab Captação de Doadores de Sangue- Brasília: Ministério da Saúde, Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. 2001.

Gestor responsável: Diretoria Técnico-Científica