Nessa terça-feira, 2 de setembro, a Fundação Hemominas, em parceria com o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC) e a empresa EMS, realizou o simpósio "Transformando a assistência: capacitação de enfermeiros para um olhar integral à pessoa com Doença Falciforme".

Participaram da abertura a diretora executiva do HMDCC, Cristiana Peixoto; a médica Patrícia Cardoso, assistente técnica da diretoria Técnico-científica da Hemominas; e Maria Zenó Soares, presidente da Associação das Pessoas com Doença Falciforme de Minas Gerais (Dreminas) e coordenadora da Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doença Falciforme (Fenafal).

A diretora do HMDCC destacou a importância de um "olhar cuidadoso" para o paciente com doença falciforme, ressaltando que suas necessidades de urgência são diferentes. "Aqui no Célio de Castro, temos um protocolo específico para a doença falciforme”. Ela confirmou a importância de capacitações como essa, “pois há uma lacuna entre o conhecimento acadêmico e a prática profissional".

A médica Patrícia Cardoso enfatizou a importância da parceria com estabelecimentos de saúde para a divulgação da doença. "É preciso melhorar a assistência, e os profissionais de Enfermagem são essenciais nesse atendimento", disse.

Maria Zenó Soares, por sua vez, expressou sua gratidão aos profissionais do HMDCC e reforçou o papel do enfermeiro no acolhimento do paciente. "É o enfermeiro que recebe o paciente. Tenho certeza que este evento vai mudar o olhar do profissional de saúde aqui presente para o paciente falciforme", comentou. 

Importância da informação

Um dos pontos altos da programação foi a roda de conversa "Dor na Pessoa com Doença Falciforme", que trouxe à tona a perspectiva de quem convive com a condição. A conversa, conduzida pela psicóloga Alice Oliver, do Ambulatório do Hemocentro de Belo Horizonte, contou com os depoimentos de Nivan Bune da Palma, que tem a doença falciforme, e Rosemary Graça, que tem o traço falciforme e é mãe de uma filha com a doença.

Maria Zenó Soares, presidente da Dreminas, reforçou o papel do enfermeiro no acolhimento do paciente - Foto: Adair Gomez

Ambos compartilharam suas experiências de diagnóstico tardio, pois na época o Teste do Pezinho ainda não existia. No caso de Rosemary, após engravidar, descobriu que seu marido também era portador do traço falciforme, mas não sabia sobre as chances da criança herdar a doença. Sua filha Natália recebeu o diagnóstico ainda bebê: “ela começou a chorar muito por causa de um inchaço no dedo, que não passava”. Após a pediatra solicitar vários exames e por final, o exame de eletroforese de hemoglobina, Natália foi diagnosticada com a anemia falciforme. “Eu não entendia o que estava acontecendo. Não tive esclarecimentos sobre as chances dos meus futuros filhos herdarem a doença. Eu e meu marido não tínhamos nenhum sintoma”, lembrou.

A psicóloga Alice Oliver ressaltou que a informação é um divisor de águas no tratamento. "O aconselhamento genético é importante desde cedo para que essas pessoas possam ter o esclarecimento necessário e fazer escolhas conscientes sobre planejamento familiar", explicou.

Palestras

A programação técnica do simpósio incluiu diversas palestras. Pela manhã, a enfermeira Keylla Clarindo Reis, do Cetebio, abordou a "Fisiopatologia e Epidemiologia da Doença Falciforme". Ao longo do dia, outros temas foram discutidos, como assistência de enfermagem nas complicações, tratamento com hidroxiureia e cuidados na exsanguineotransfusão, além de momentos para perguntas dos participantes.

Doença x Traço

A diferença entre o traço e a doença falciforme está no tipo de hemoglobina, proteína presente no interior do glóbulo vermelho. Quem tem o traço herdou um gene para a hemoglobina A (normal e dominante) de um dos pais e outro gene para a hemoglobina S, que é falciforme (recessiva).

Por isso, quem tem o traço falciforme tem apenas uma característica genética, mas não desenvolve a doença nem tem alterações hematológicas. Já quem herda de ambos os pais o gene para a hemoglobina S desenvolve a anemia falciforme e precisa de cuidados e tratamentos especializados. 

Gestor responsável: Assessoria de Comunicação Social

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