Cetebio recebe servidores da Hemominas em visita-piloto prevista no projeto Hemotour
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Cetebio recebe servidores da Hemominas em visita-piloto prevista no projeto Hemotour
Nessa quinta-feira, 23, o Centro de Tecidos Biológicos de Minas Gerais (Cetebio) recebeu a visita de oito servidores do setor de Gerência de Gestão de Pessoas da Fundação Hemominas, em uma visita-piloto às instalações da unidade, dentro do projeto Hemotour.
O grupo foi recepcionado pelo coordenador do Cetebio, André Rolim Belisário, que apresentou um panorama sobre a história, estrutura e funcionamento do Centro, conduzindo os visitantes por diferentes setores e laboratórios onde são realizados os processos de coleta, controle de qualidade, criopreservação e distribuição de células e tecidos biológicos destinados à aplicação em transplantes de medula óssea (TMO).
Durante a visita, André explicou que a estrutura organizacional do Cetebio segue o modelo das demais unidades da Fundação Hemominas, com uma coordenação geral, vinculada ao Núcleo da Qualidade, e três gerências: Gerência Administrativa; Gerência Técnica de Células e Gerência Técnica de Tecidos.
Na área de células, o Centro de Processamento Celular (CPC) realiza o processamento de diferentes tipos de materiais biológicos — incluindo medula óssea, concentrado de leucócitos obtido por aférese e sangue de cordão umbilical — destinados ao transplante. Já no campo dos tecidos, o Cetebio mantém em funcionamento o Banco de Soro Autólogo, e está em fase de avaliação pela Vigilância Sanitária o Banco de Membrana Amniótica, cuja inspeção teve início na semana anterior à visita.
André Belisário conduz visitantes por diferentes setores e laboratórios onde são realizados os processos de coleta, controle de qualidade, criopreservação e distribuição de células e tecidos biológicos - Fotos: Camila Motta
Para a presidente da Fundação Hemominas, Kelly Nogueira Guerra, “o Cetebio é uma oportunidade de mostrar a importância e a complexidade do trabalho desenvolvido pela Hemominas na unidade, bem como a integração entre as equipes; fiquei muito feliz com a participação dos servidores nessa primeira visita, marco de muitas outras que virão”, afirmou.
Também a Responsável de Equipe de Treinamento, Desenvolvimento e Ensino (G.GGP/TDE) da Fundação, Manuela Mota Hauck, sintetiza a opinião dos visitantes: “Conhecer a história do Cetebio e os serviços por ele executados é uma experiência de grande valor. O CETETOUR revela todo o avanço, qualidade e tecnologia que a Fundação Hemominas possui em mais uma de suas frentes de atuação. Trata-se de um importante passo no aproveitamento da expertise em banco de sangue, agora ampliada para o processamento de células, evidenciando a constante evolução da instituição.”
O CETETOUR é uma iniciativa prevista no Planejamento Estratégico 2025–2029 da Hemominas e passará a fazer parte do calendário institucional, com agendas pré-definidas ao longo do ano.
Histórico e expansão das atividades O coordenador lembrou que as atividades do Centro de Processamento Celular (CPC) começaram em 2013, em uma unidade piloto no Centro de Especialidades Médicas, oferecendo inicialmente suporte apenas ao serviço de transplante da Santa Casa de Belo Horizonte.
Centro de Processamento Celular (CPC) que realiza o processamento de diferentes tipos de materiais biológicos destinados ao transplante: aumento exponencial no número de pacientes atendidos - Fotos: Camila Motta
Em 2014, com a transferência para a atual sede, o Centro ampliou suas parcerias, passando a atender instituições como o Hospital Luxemburgo e, em seguida, o Hospital das Clínicas da UFMG e o Hospital Felício Rocho.
A partir de 2019, um marco importante foi a interiorização dos serviços, que permitiu a oferta de transplantes em unidades hospitalares fora da capital, como a Santa Casa de Montes Claros – que já está recebendo pacientes até de outros estados, vindos do sul da Bahia –, e o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), levando o tratamento mais próximo dos pacientes e de suas famílias.
Nos anos seguintes, novas parcerias foram firmadas, incluindo o Hospital Santa Genoveva (2021) de Uberlândia, a Fundação Cristiano Varela (em Muriaé, 2023) e o Instituto Sul-Mineiro de Oncologia (em Pouso Alegre, 2024). Em 2025, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberaba (UFU) foi integrado como novo centro contratante, totalizando dez contratos de prestação de serviços ativos, distribuídos entre Belo Horizonte e o interior de Minas Gerais.
Processos técnicos e fluxo de trabalho André Belisário detalhou o fluxo do material biológico, desde a coleta das células progenitoras hematopoéticas nos centros de coleta da Hemominas — localizados em Belo Horizonte (HBH) e nos Hemocentros de Montes Claros e Uberlândia, como em outros estabelecimentos de saúde.
Material coletado passa por testes rigorosos de controle de qualidade, incluindo esterilidade e quantificação de células CD34 e é armazenado em tanques de nitrogênio líquido a temperaturas inferiores a -150°C, até ser solicitado para o transplante – Fotos: Camila Motta
Após a coleta por aférese, o material é transportado sob condições controladas até o Cetebio, onde passa por testes rigorosos de controle de qualidade, incluindo esterilidade e quantificação de células CD34. Em seguida, é realizada a redução de volume, remoção do plasma e adição da solução crioprotetora, que evita danos às células durante o congelamento.
O material é armazenado em tanques de nitrogênio líquido a temperaturas inferiores a -150°C, até ser solicitado para o transplante. O envio ao centro transplantador é feito em recipientes especiais chamados dry shippers, que mantêm as condições criogênicas durante o transporte. O transplante em si ocorre nos centros credenciados e é semelhante a uma transfusão de sangue, com infusão intravenosa das células criopreservadas. O tempo entre a coleta e a aplicação pode variar conforme a condição clínica do paciente e a programação do hospital.
O transplante de medula óssea pode ser feito com três fontes de célula: do cordão umbilical, que está caindo em desuso porque houve evolução dos processos de coleta, preservação e manutenção das bolsas; uma nova modalidade de transplante é o haploidêntico, a partir do material doado pelo pai ou pela mãe e é metade compatível; a outra fonte é a punção medular em que a coleta tem que ser feita no bloco hospitalar, pela equipe médica.
Relevância nacional e acreditações Uma das unidades mais novas da Hemominas, o Cetebio desenvolve serviços especializados de alta complexidade em atividades de coleta, processamento, controle de qualidade, criopreservação e distribuição de células e tecidos biológicos, segundo critérios de qualidade internacionais e normas técnicas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Atualmente, o Cetebio é referência nacional em terapia celular, com reconhecimento pela AABB (American Association of Blood Banks), cuja acreditação internacional foi obtida entre 2023 e 2024. A próxima auditoria de recertificação está prevista para janeiro de 2026.
O coordenador destacou ainda que o Cetebio integra a estrutura da Hemominas, o que permite o uso compartilhado de infraestrutura laboratorial, testes sorológicos e de biologia molecular, realizados pelo Hemocentro de Belo Horizonte (HBH). Inovações e novos projetos
Entre as novas frentes de trabalho, André apresentou o projeto do Colírio de Soro Autólogo, idealizado no final da década de 2010 pela então coordenadora do Cetebio, doutora Márcia Salomão. O projeto passou por visitas técnicas à Unicamp, elaboração de manuais, procedimentos operacionais e treinamentos da equipe entre 2021 e 2023, além da solicitação do alvará de funcionamento junto aos órgãos reguladores.
Colírio de soro autólogo: tratamento obtido a partir do próprio sangue do paciente, cuja utilização tem se mostrado eficaz em diversas condições oftalmológicas graves – Fotos: Camila Motta
O colírio de soro autólogo é um tratamento obtido a partir do próprio sangue do paciente. Produzido por meio da coleta e processamento do sangue total, esse colírio contém uma fração rica em fatores de crescimento, citocinas, vitaminas e nutrientes semelhantes aos encontrados nas lágrimas naturais, elementos essenciais para a manutenção, regeneração e cicatrização da superfície ocular.
Sua utilização tem se mostrado eficaz em diversas condições oftalmológicas graves, incluindo: distúrbios severos da superfície ocular decorrentes da síndrome de disfunção lacrimal associada à doença do enxerto contra o hospedeiro, observada em pacientes submetidos a transplante de medula óssea alogênico; Ceratite neurotrófica; defeitos epiteliais persistentes; ceratoconjuntivite do limbo superior; Olho seco induzido por procedimentos cirúrgicos oculares; Síndrome de Sjögren
Graças à sua composição biocompatível e ao seu potencial regenerativo, o colírio de soro autólogo representa uma opção segura e personalizada para o manejo de doenças complexas da superfície ocular, promovendo a recuperação e o conforto visual dos pacientes.
Lançado em 1987, o programa de Formação do Doador do Futuro comemora 36 anos em 2023. Por ter sido a pioneira no desenvolvimento dessa atividade, a Hemominas foi premiada pelo Ministério da Saúde no ano 2000.